MUNICÍPIO DE BENJAMIN CONSTANT DO SUL

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ACERVO HISTÓRICO DIGITAL

ARTÊMIO FRANCISCO CIMA

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Nasceu em Montebelo, distrito de Bento Gonçalves, em 04/01/1917. Filho de Luiz Cima e Marcelina Cherubini Cima. Dez irmãos. Casou, em primeiras núpcias em 30/06/1945 com Leonilde D’Agostini  com  quem teve um filho. Viuvou em 08/06/1949. Em segundas núpcias casou-se com Maria Ana Chiodelli em 03/02/1953 com quem teve quatro filhos. Faleceu em 27/09/1995 com 78 anos.

Desde jovem trabalhou na ferraria de seu pai Luiz na localidade da Linha 20, município de Casca. Trabalhou pouco mais de dois anos em uma oficina mecânica de Guaporé onde aprendeu muito sobre motores, soldas, parte elétrica dos carros etc. De 1945 a 1949 foi motorista e teve a Linha de ônibus de Camargo a Passo Fundo.

De 1953 a 1984 foi ferreiro na Vila Palmeira. Em 1985, em razão de grave doença mudou-se para Soledade/RS, para ficar próximo dos filhos, onde viveu até o falecimento.

Relato de Fiorelo D’Agostini sobre as atividades do ferreiro.

 As atividades do ferreiro foram muito intensas e importantes para a Vila. Atuava mais no conserto mas também na confecção de produtos novos. Facas, facões, foices, machados, picaretas, enxadões, arados, cangas de bois, máquinas de plantar milho, ferraduras de cavalo, carroças ,engenhos de moer cana (torcho), tudo o que fosse encomendado era feito na Ferraria do Artêmio, como era conhecida. Na Ferraria trabalharam também o Alberto, sócio e irmão do Artêmio, o Lirio Davide, Olvides Davide, empregados. Além de reformas eram feitas carroças novas, desde a confecção da madeira até a confecção de toda a ferragem. Para a madeira dispunha de torno, furadeira, serra circular, plaina, serra-fita, tudo movido por um motor a diesel. As repercussões nas propriedades começaram a aparecer. As carroças novas nas propriedades, os arados mais modernos e de melhor qualidade, as máquinas de plantar milho……  surgiram muitos engenhos de moer cana para melado, açúcar e ximias. Quando quebrava uma cambota de roda de carroça, uma cepa do arado, terminava a rosca de um parafuso,…. não precisava mais pegar o ônibus e levar até são Valentim para consertar. Resolvia quase tudo ali mesmo, na ferraria do Artêmio.  O Artêmio era uma espécie de “faz tudo”. Desde um Guarda Chuva até a máquina do engenho do Soleltti no Lajeado Grande era com o Artêmio. Consertava máquinas de costura, fazia espingardas, resolvia problemas de motores de trilhadeiras, do Ford 1946 do Fiorelo, dos antigos JEEP do Capelari, do Ciarini, dos Zanandrea, e outros.   O Artêmio era famoso por ser um bom “temperador” de ferramentas de aço que dependessem de fio. Facas, facões, foices, machados, foicinhas de cortar trigo, machadinhas Enxós (de fazer gamelas) ….vinham encomendas de Nonoai a São Valentim. “Batia” e temperava as “ marteletas”  (de 15 a 20 cada vez) para afiar as “mós” (pedras) dos moinhos de Santa Lucia, Faxinal, Benjamin Constant e Vila Palmeira.

Outro aspecto histórico memorável sobre Artêmio Francisco Cima é que como não havia funerária na Vila Palmeira, era em sua marcenaria que fabricava os caixões para os funerais da época.

As Máquinas, ferramentas e matéria prima da sapataria e ferragens para a ferraria, quem trazia de Erechim era Ernesto D’Agostini, irmão de Fiorelo D’Agostini, com seu Ford Bigode 1946. Nos anos 60 a ferraria teve seu auge e teve grande importância nas atividades econômicas da Vila e região. Depois veio a estagnação e fechamento no final dos anos 70. O importante é que na sua época o ferreiro Artêmio cumpriu seu papel conduzindo para estágios posteriores da evolução.

(Por Giovanni D’Agostini Allegretti, Rubens Cima e Gema D’Agostini)

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